Certa
vez, em um dos cursos de coahing do qual participei, presenciei o relato de uma
das alunas sobre a relação dela com o pai. Foi um relato emocionante sobre a
sensação dela de se sentir distante do pai, bem como a distância emocional, física e psicológica entre o dois. Havia ali muita
dor, sofrimento e tristeza “por ela não ter a atenção, o carinho, o diálogo e o
conforto emocional do pai”. Na minha frente e da turma toda, havia uma mulher
bem sucedida que naquele momento só queria se reaproximar do pai, perdoar e se
perdoada, amar e ser amada para se sentir plena na sua jornada pela felicidade.
Ela ali, na frente de todos, estava
buscando alternativas e ações por meio do coaching para dar o primeiro passo.
Eu
fiquei refletindo, confesso, sobre meus próprios relacionamentos (os mais
significativos) e me perguntando quais “passos deveria dar para amenizar alguns
conflitos, quem eu deveria perdoar para me reaproximar efetivamente, com quem
eu talvez fui duro nas palavras e se distanciou de mim sem eu perceber, quem
talvez tivesse buscando meu perdão”, enfim, fazer o exercício do perdão para com outro e sobretudo, comigo mesmo. Aceitaria
fazer esse exercício também meu caro leitor?
As
palavras da minha amiga me fizeram lembrar da parábola intitulada: Construa Pontes e não barreiras
Dois
irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho,
entraram em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida de
trabalho lado a lado. Mas agora tudo havia mudado. O que começou com um pequeno mal entendido, finalmente explodiu numa
troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio.
Numa
manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua porta.
-
Estou procurando trabalho, disse ele. Talvez você tenha algum serviço para mim.
-
Sim, disse o fazendeiro. Claro! Vê aquela fazenda ali, além do riacho? É do meu
vizinho. Na realidade do meu irmão mais
novo. Nós brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira
ali no celeiro? Pois use para construir uma cerca bem alta.
-
Acho que entendo a situação, disse o
carpinteiro. Mostre-me onde estão a pá e os pregos.
O
irmão mais velho entregou o material e foi para a cidade.
O
homem ficou ali cortando, medindo, trabalhando o dia inteiro.
Quando
o fazendeiro chegou, não acreditou no que viu: em vez de cerca, uma ponte foi construída ali, ligando as duas
margens do riacho.
Era
um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfurecido e falou:
-
Você foi atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei.
Mas
as surpresas não pararam ai. Ao olhar
novamente para a ponte viu o seu irmão se aproximando de braços abertos.
Por um instante permaneceu imóvel do seu lado do rio.
O
irmão mais novo então falou:
-
Você realmente foi muito amigo
construindo esta ponte mesmo depois
do que eu lhe disse.
De
repente, num só impulso, o irmão mais velho correu na direção do outro e
abraçaram-se, chorando no meio da ponte. O
carpinteiro que fez o trabalho, partiu com sua caixa de ferramentas.
- Espere,
fique conosco! Tenho outros trabalhos para você.
E o
carpinteiro respondeu:
- Eu adoraria, mas tenho outras pontes a
construir...
A
história da minha amiga não é um caso isolado. Conheço pais que estão há anos
sem conversar com um dos filhos. Há também filhos e pais convivendo juntos, mas
que não se falam e nem lembram mais há quanto tempo isso ocorre. Há irmãos que
estão brigados a tanto tempo que nem se lembram mais dos reais motivos da discórdia.
Há também aquele casal que jurou amor eterno e que hoje brigam constantemente
envolvendo, inclusive, a saúde emocional e psicológica do único filho pequeno. Os
exemplos são inúmeros. Você conhece algum caso desses?
Amor, levando em
consideração alguns dos possíveis conceitos, significa “sentimento que predispõe a desejar o bem de alguém; sentimento de
afeto”. Na mitologia, fazendo menção aos estudos da psicóloga Ana Lúcia
Nogueira Braz, amor está associado à
vida, a união, a ordenação, ao equilíbrio dos opostos, a intermediação, a força
de ligação e de coesão.
Perdão por sua vez, vem do
Latim perdonare, de per (= total, completo), mais donare
(=dar, entregar, doar). Ou ainda segundo o dicionário, perdão significa “remissão de pena, ofensa ou dívida;
desculpa; absolvição”.
Na PsicologiaPositiva, no Coaching, na Religião, na Educação, na Medicina Integral e
Holística, entre alguns outros campos do saber, é comum estudos sobre a relação
do “perdão, da afeição, da prática do amor (sentido amplo) dedicada ao outro e
a si mesmo como aspectos fundamentais da felicidade, da saúde e da longevidade”.
Às
vezes desistimos de quem amamos e que nos faz bem, ou até mesmo perdemos muito
tempo cultivando as magoas, o ressentimento e mal entendidos, sem perceber,
inclusive, que estamos fazendo mal a nós mesmo. Sei que não é fácil, mas alguém
tem que desarmar e com coragem dar o primeiro passo, seja por meio de uma
ligação, seja por meio de uma visita, de um ato em silêncio, de uma carta ou
até mesmo um email. Deixemos o passado no passado e recomecemos...!
Referências
Origem
da palavra amor na mitologia greco-romana. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2005000100008
http://pensador.uol.com.br/autor/padre_fabio_de_melo/4/
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