segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Amor como ponte para o perdão


Certa vez, em um dos cursos de coahing do qual participei, presenciei o relato de uma das alunas sobre a relação dela com o pai. Foi um relato emocionante sobre a sensação dela de se sentir distante do pai, bem como a distância emocional, física e psicológica entre o dois. Havia ali muita dor, sofrimento e tristeza “por ela não ter a atenção, o carinho, o diálogo e o conforto emocional do pai”. Na minha frente e da turma toda, havia uma mulher bem sucedida que naquele momento só queria se reaproximar do pai, perdoar e se perdoada, amar e ser amada para se sentir plena na sua jornada pela felicidade. Ela ali, na frente de todos, estava buscando alternativas e ações por meio do coaching para dar o primeiro passo.

Eu fiquei refletindo, confesso, sobre meus próprios relacionamentos (os mais significativos) e me perguntando quais “passos deveria dar para amenizar alguns conflitos, quem eu deveria perdoar para me reaproximar efetivamente, com quem eu talvez fui duro nas palavras e se distanciou de mim sem eu perceber, quem talvez tivesse buscando meu perdão”, enfim, fazer o exercício do perdão para com outro e sobretudo, comigo mesmo. Aceitaria fazer esse exercício também meu caro leitor?

As palavras da minha amiga me fizeram lembrar da parábola intitulada: Construa Pontes e não barreiras

Dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida de trabalho lado a lado. Mas agora tudo havia mudado. O que começou com um pequeno mal entendido, finalmente explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio.
Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua porta.
- Estou procurando trabalho, disse ele. Talvez você tenha algum serviço para mim.
- Sim, disse o fazendeiro. Claro! Vê aquela fazenda ali, além do riacho? É do meu vizinho. Na realidade do meu irmão mais novo. Nós brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira ali no celeiro? Pois use para construir uma cerca bem alta.
- Acho que entendo a situação, disse o carpinteiro. Mostre-me onde estão a pá e os pregos.
O irmão mais velho entregou o material e foi para a cidade.
O homem ficou ali cortando, medindo, trabalhando o dia inteiro.
Quando o fazendeiro chegou, não acreditou no que viu: em vez de cerca, uma ponte foi construída ali, ligando as duas margens do riacho.
Era um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfurecido e falou:
- Você foi atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei.
Mas as surpresas não pararam ai. Ao olhar novamente para a ponte viu o seu irmão se aproximando de braços abertos. Por um instante permaneceu imóvel do seu lado do rio.
O irmão mais novo então falou:
- Você realmente foi muito amigo construindo esta ponte mesmo depois do que eu lhe disse.
De repente, num só impulso, o irmão mais velho correu na direção do outro e abraçaram-se, chorando no meio da ponte. O carpinteiro que fez o trabalho, partiu com sua caixa de ferramentas.
- Espere, fique conosco! Tenho outros trabalhos para você.
E o carpinteiro respondeu:
- Eu adoraria, mas tenho outras pontes a construir...

A história da minha amiga não é um caso isolado. Conheço pais que estão há anos sem conversar com um dos filhos. Há também filhos e pais convivendo juntos, mas que não se falam e nem lembram mais há quanto tempo isso ocorre. Há irmãos que estão brigados a tanto tempo que nem se lembram mais dos reais motivos da discórdia. Há também aquele casal que jurou amor eterno e que hoje brigam constantemente envolvendo, inclusive, a saúde emocional e psicológica do único filho pequeno. Os exemplos são inúmeros. Você conhece algum caso desses?

Amor, levando em consideração alguns dos possíveis conceitos, significa “sentimento que predispõe a desejar o bem de alguém; sentimento de afeto”. Na mitologia, fazendo menção aos estudos da psicóloga Ana Lúcia Nogueira Braz, amor está associado à vida, a união, a ordenação, ao equilíbrio dos opostos, a intermediação, a força de ligação e de coesão.

Perdão por sua vez, vem do Latim perdonare, de per (= total, completo), mais donare (=dar, entregar, doar). Ou ainda segundo o dicionário, perdão significa “remissão de pena, ofensa ou dívida; desculpa; absolvição”.

Na PsicologiaPositiva, no Coaching, na Religião, na Educação, na Medicina Integral e Holística, entre alguns outros campos do saber, é comum estudos sobre a relação do “perdão, da afeição, da prática do amor (sentido amplo) dedicada ao outro e a si mesmo como aspectos fundamentais da felicidade, da saúde e da longevidade”.

Às vezes desistimos de quem amamos e que nos faz bem, ou até mesmo perdemos muito tempo cultivando as magoas, o ressentimento e mal entendidos, sem perceber, inclusive, que estamos fazendo mal a nós mesmo. Sei que não é fácil, mas alguém tem que desarmar e com coragem dar o primeiro passo, seja por meio de uma ligação, seja por meio de uma visita, de um ato em silêncio, de uma carta ou até mesmo um email. Deixemos o passado no passado e recomecemos...!


Referências

http://pensador.uol.com.br/autor/padre_fabio_de_melo/4/





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