terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Mente, comportamento e resultados: o que pediria para o gênio?


Certa vez li, não me lembro onde, “que a mente opera milagres”. Confesso que na época, eu lá com meus “16 poucos” anos, não dei muito valor à frase, embora a mente já me fascinasse de alguma forma, não só pela sua complexidade, mas também em função das suas potencialidades e mistérios.

Estudos sobre a mente têm tornado-se cada vez mais sofisticados.  Estudos da Psicologia Cognitiva, da Psicologia Social, da Psicologia Positiva, da Psicologia do Desenvolvimento, entre outras ciências correlatas, cada vez mais estão se popularizando e nos ajudando a compreender às dinâmicas do processo de memorização, percepção, filtros, linguagem, papel das emoções, dos pensamentos positivos, enfim, dos processos complexos da mente e seus reflexos nos nossos comportamentos, nas nossas motivações, nos nossos relacionamentos e, sobretudo, nos nossos diálogos internos e nas nossas percepções do que acreditamos ser realidade.

Virgílio Vasconcelos Vilela por meio de uma parábola nos fez refletir sobre o tema, que por sua vez vai ao encontro dos estudos de NapoleonHill, pelo menos na minha interpretação e história. O que acham? (risos!)

“Aladim caminhava por uma viela estreita e escura quando um cálido brilho no chão chamou sua atenção. Aproximando-se, viu que era uma lâmpada. Estava a olhá-la por vários ângulos quando viu sob a poeira algo que parecia ser algum escrito. Passou a mão no local e subitamente uma grande luz branca começou a surgir do bico da lâmpada. Aladim assustou-se e deixou cair a lâmpada, enquanto uma grande forma humana masculina ia se formando no espaço antes vazio. Ao invés de terminar em pés, suas pernas se afunilavam na direção do bico da lâmpada. A forma algo fantasmagórica flutuava envolta por uma aura oscilante.
Antes que Aladim pudesse sequer avaliar a situação, a forma disse com voz grave e firme:
- Sou o Gênio da Lâmpada, e você tem direito a um desejo.
Recobrando-se, Aladim compreendeu logo a situação e, sem questionar porque era um só desejo, já ia dizendo algo quando o Gênio continuou:
- Mas há três condições.
Três condições? Onde já se viu gênio ter condições para atender desejos? Aladim continuou ouvindo.
- Primeira condição: o que quer que você deseje, deve se realizar antes em sua mente.
Aladim já ia perguntar o que isto queria dizer, mas o Gênio não deixou:
- Segunda condição: o que quer que você deseje, deve desejar integralmente, sem conflitos. Desta vez Aladim esperou.
- Terceira condição: o que quer você deseje, deve ser capaz de continuar desejando para continuar a ter.
Aladim, ansioso por dizer logo o que queria, fez o primeiro desejo assim que pôde falar:
- Eu quero um milhão de dólares!
- Já se imaginou tendo um milhão de dólares?
Aladim agora entendera o que queria dizer a primeira condição. Na mesma hora vieram à sua mente imagens de si mesmo nadando em dinheiro, comprando muitas coisas, Mas ao se imaginar, questionou-se se teria que compartilhar parte do dinheiro com pobres ou outras pessoas. Aí entendeu a segunda condição, e percebeu que seu desejo não poderia ser atendido.
Aladim então buscou então algum desejo que poderia ter sem conflitos. Pensou, pensou, buscou e por fim disse ao Gênio:
- Senhor Gênio, eu quero uma companheira bela, sábia e carinhosa. Aladim tinha se imaginado com uma mulher assim e sentiu que aquilo ele queria de verdade, sem qualquer conflito.
O Gênio fez um gesto e de sua mão saiu um feixe de luz esverdeada na direção do coração de Aladim. Este teve uma alucinação, como um sonho, de estar vivendo com uma mulher bela, sábia e carinhosa por vários anos. E viu-se então enjoado, não a queria mais depois de tanto tempo. Voltando à realidade, Aladim lembrou-se das cenas e viu que aquele desejo também não poderia ser atendido. Entristeceu-se, pensando que jamais poderia querer e continuar querendo algo sem conflitos.
Algo aparentemente aconteceu. O rosto de Aladim iluminou-se, e ele se empertigou todo para dizer ao Gênio que já sabia o que queria.
- Sim? O Gênio foi lacônico. Aladim completou, em um só fôlego: 
- Eu desejo que você me dê a capacidade de realizar os desejos que eu imaginar em minha mente sem conflitos!
Algo inesperado aconteceu: o Gênio foi se soltando da lâmpada, formaram-se duas pernas completas no seu corpo e ele desceu devagar até finalmente apoiar-se no chão, em frente a Aladim, que o olhava com um ar interrogador.
- Obrigado, disse o Gênio, sorridente. Estava escrito que eu seria libertado quando alguém pedisse algo que já tivesse!”

Napoleon Hill é autor do livro: Quem pensa enriquece. A obra fala sobre sonhos, desejos e atitudes, indo além de ganhos financeiros puramente. Diferente das propostas milagrosas de alguns autores, Hill propõe alguns princípios dos quais destaco 5:

1 Desejo: implica querer ardentemente um objetivo, objetivo este específico, com prazo e plano definido para conquistá-lo. É ter determinação e propósito claro.
2 : para ele, fé é um estado de espírito que pode ser induzido ou criado pela afirmação ou repetição de instruções ao subconsciente, empregando-se o princípio da auto-sugestão. Você é aquilo que acredita ser, isto reflete nos seus relacionamentos, resultados e desejos.
3 Conhecimento: conhecimento só faz sentido quando voltado para algo definido, quando conseguimos organizar tais informações a aplicar de forma efetiva. Conhecimento não envolve apenas os “conhecimentos técnicos”, mas também o conhecimento de si mesmo: desenvolver de dentro para fora, ser para depois fazer e ter.
4 Planejamento organizado e persistência: a realização dos seus sonhos e objetivos dependem da qualidade dos seus planos e dos aprendizados ao longo do percurso. Ninguém está derrotado até que desista – em sua mente.
5 O cérebro: para Hill, seus pensamentos, sejam eles bons ou ruins, atrai seu equivalente físico. Suas crenças, filtros e mapas mentais impactam em como você vê e define a realidade.

O que os ramos da Psicologia e Napoleon Hill têm haver com o Coaching? Utilizo a celebre frase atribuída a Albert Einstein para responder:

 “Insanidade é continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes.” Isto implica mudar a forma de pensar, o que o coaching tem chamado de mindset (ou modelo mental).

Pensamentos geram sentimentos. Sentimentos geram comportamentos. Comportamentos por sua vez geram hábitos e resultados.

Nota: em outro post falo sobre o livro Quem pensa enriquece de Napoleon Hill.

Referências

Napoleon Hill. Quem pensa enriquece. Editora Fundamento. 2009.

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