Certa
vez li, não me lembro onde, “que a mente opera milagres”. Confesso que na
época, eu lá com meus “16 poucos” anos, não dei muito valor à frase, embora a
mente já me fascinasse de alguma forma, não só pela sua complexidade, mas
também em função das suas potencialidades e mistérios.
Estudos
sobre a mente têm tornado-se cada vez mais sofisticados. Estudos da Psicologia Cognitiva, da
Psicologia Social, da Psicologia Positiva, da Psicologia do Desenvolvimento, entre outras ciências correlatas,
cada vez mais estão se popularizando e nos ajudando a compreender às dinâmicas do processo de memorização,
percepção, filtros, linguagem, papel das emoções, dos pensamentos positivos,
enfim, dos processos complexos da mente e seus reflexos nos nossos
comportamentos, nas nossas motivações, nos nossos relacionamentos e, sobretudo,
nos nossos diálogos internos e nas nossas percepções do que acreditamos ser
realidade.
Virgílio
Vasconcelos Vilela por meio de uma parábola nos fez refletir sobre o tema, que
por sua vez vai ao encontro dos estudos de NapoleonHill, pelo menos na minha interpretação e história. O que acham? (risos!)
“Aladim caminhava por uma viela estreita
e escura quando um cálido brilho no chão chamou sua atenção. Aproximando-se,
viu que era uma lâmpada. Estava a olhá-la por vários ângulos quando viu sob a
poeira algo que parecia ser algum escrito. Passou a mão no local e subitamente
uma grande luz branca começou a surgir do bico da lâmpada. Aladim assustou-se e
deixou cair a lâmpada, enquanto uma grande forma humana masculina ia se
formando no espaço antes vazio. Ao invés de terminar em pés, suas pernas se
afunilavam na direção do bico da lâmpada. A forma algo fantasmagórica flutuava
envolta por uma aura oscilante.
Antes que Aladim pudesse sequer avaliar
a situação, a forma disse com voz grave e firme:
- Sou o Gênio da Lâmpada, e você tem
direito a um desejo.
Recobrando-se, Aladim compreendeu logo a
situação e, sem questionar porque era um só desejo, já ia dizendo algo quando o
Gênio continuou:
- Mas há três condições.
Três condições? Onde já se viu gênio ter
condições para atender desejos? Aladim continuou ouvindo.
- Primeira condição: o que quer que você deseje, deve se
realizar antes em sua mente.
Aladim já ia perguntar o que isto queria
dizer, mas o Gênio não deixou:
- Segunda condição: o que quer que você deseje, deve desejar integralmente, sem conflitos.
Desta vez Aladim esperou.
- Terceira condição: o que quer você deseje, deve ser capaz de
continuar desejando para continuar a ter.
Aladim, ansioso por dizer logo o que
queria, fez o primeiro desejo assim que pôde falar:
- Eu quero um milhão de dólares!
- Já se imaginou tendo um milhão de
dólares?
Aladim agora entendera o que queria dizer
a primeira condição. Na mesma hora vieram à sua mente imagens de si mesmo
nadando em dinheiro, comprando muitas coisas, Mas ao se imaginar, questionou-se se teria que compartilhar parte do
dinheiro com pobres ou outras pessoas. Aí entendeu a segunda condição, e
percebeu que seu desejo não poderia ser atendido.
Aladim então buscou então algum desejo que poderia ter sem conflitos.
Pensou, pensou, buscou e por fim disse ao Gênio:
- Senhor Gênio, eu quero uma companheira
bela, sábia e carinhosa. Aladim tinha se
imaginado com uma mulher assim e sentiu que aquilo ele queria de verdade,
sem qualquer conflito.
O Gênio fez um gesto e de sua mão saiu
um feixe de luz esverdeada na direção do coração de Aladim. Este teve uma
alucinação, como um sonho, de estar vivendo com uma mulher bela, sábia e
carinhosa por vários anos. E viu-se então enjoado, não a queria mais depois de tanto tempo. Voltando à realidade,
Aladim lembrou-se das cenas e viu que
aquele desejo também não poderia ser atendido. Entristeceu-se, pensando que
jamais poderia querer e continuar querendo algo sem conflitos.
Algo aparentemente aconteceu. O rosto de
Aladim iluminou-se, e ele se empertigou todo para dizer ao Gênio que já sabia o
que queria.
- Sim? O Gênio foi lacônico. Aladim
completou, em um só fôlego:
- Eu
desejo que você me dê a capacidade de realizar os desejos que eu imaginar em
minha mente sem conflitos!
Algo inesperado aconteceu: o Gênio foi
se soltando da lâmpada, formaram-se duas pernas completas no seu corpo e ele
desceu devagar até finalmente apoiar-se no chão, em frente a Aladim, que o
olhava com um ar interrogador.
- Obrigado, disse o Gênio, sorridente. Estava escrito que eu seria libertado
quando alguém pedisse algo que já tivesse!”
Napoleon
Hill é autor do livro: Quem pensa enriquece.
A obra fala sobre sonhos, desejos e atitudes, indo além de ganhos financeiros
puramente. Diferente das propostas milagrosas de alguns autores, Hill propõe
alguns princípios dos quais destaco 5:
1 Desejo: implica querer ardentemente um
objetivo, objetivo este específico, com prazo e plano definido para
conquistá-lo. É ter determinação e propósito claro.
2 Fé: para ele, fé é um estado de
espírito que pode ser induzido ou criado pela afirmação ou repetição de
instruções ao subconsciente, empregando-se o princípio da auto-sugestão. Você é
aquilo que acredita ser, isto reflete nos seus relacionamentos, resultados e
desejos.
3 Conhecimento: conhecimento só faz
sentido quando voltado para algo definido, quando conseguimos organizar tais
informações a aplicar de forma efetiva. Conhecimento não envolve apenas os “conhecimentos
técnicos”, mas também o conhecimento de si mesmo: desenvolver de dentro para
fora, ser para depois fazer e ter.
4 Planejamento organizado e persistência:
a realização dos seus sonhos e objetivos dependem da qualidade dos seus planos
e dos aprendizados ao longo do percurso. Ninguém está derrotado até que desista
– em sua mente.
5 O cérebro: para Hill, seus pensamentos,
sejam eles bons ou ruins, atrai seu equivalente físico. Suas crenças, filtros e
mapas mentais impactam em como você vê e define a realidade.
O
que os ramos da Psicologia e Napoleon Hill têm haver com o Coaching? Utilizo a celebre
frase atribuída a Albert Einstein para responder:
“Insanidade
é continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes.” Isto
implica mudar a forma de pensar, o que o coaching tem chamado de mindset (ou
modelo mental).
Pensamentos geram sentimentos.
Sentimentos geram comportamentos. Comportamentos por sua vez geram hábitos e
resultados.
Nota:
em outro post falo sobre o livro Quem pensa enriquece de Napoleon Hill.
Referências
Napoleon Hill.
Quem pensa enriquece. Editora Fundamento. 2009.
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