Em
1921 foram descobertas duas meninas, Amala e Kamala, vivendo em um caverna da
Índia entre lobos. Aparentavam, segundo os estudiosos que a encontraram, 4 e 8
anos respectivamente. Amala e Kamala possuíam
hábitos muito diferentes dos nossos:
cheiravam a comida antes de tocá-la, dilacerava os alimentos com os dentes e
quase não usava as mãos, se locomoviam apoiando sobre os pés e mãos, isto
somado a impressionante sensibilidade auditiva e olfativa.
Outro
caso relatado é o do menino Ramu, “o
menino lobo”, do qual se tentaram socializá-lo em uma Instituição da Madre
Teresa de Calcutá. Tanto em livros de Sociologia quanto em livros de Psicologia
do Desenvolvimento há vários outros relatos , como o do Victor.
Assim
sendo, o indivíduo fora da convivência e relacionamentos humanos não se tornam
humanos! Estranho? Edgar Morin, Antropólogo, Filósofo e Sociólogo, ressalta que
não somos humanos em função da nossa
genética apenas, aprendemos a sermos humanos, ou seja, estamos em construção e
a cultura e o conhecimento são fundamentais para essa construção.
De
modo ainda a provocar o leitor a
refletir sobre o tema (“não tão dramático quanto as histórias acima”), bem como
à buscar conhecimentos e hábitos mais
produtivos e dessa forma, sermos pais e mães
melhores (e mais humanos), segue um texto provocativo. “Só não vale se
emocionar! (risos!)”
Escute, filho:
enquanto falo isso, você está deitado, dormindo, uma mãozinha enfiada debaixo do seu rosto, os cachinhos louros molhados de suor grudados na fronte. Entrei sozinho e sorrateiramente no seu quarto. Há poucos minutos atrás, enquanto eu estava lendo meu jornal na biblioteca, fui assaltado por uma onda de remorso. E, sentindo-me culpado, vim para ficar ao lado de sua cama.
Andei
pensando em algumas coisas, filho: tenho sido intransigente com você. Na
hora em que se trocava para ir à escola, ralhei com você por não enxugar
direito o rosto com a toalha. Chamei-lhe
a atenção por não ter limpado os sapatos. Gritei furioso com você por ter
atirado alguns de seus pertences no chão.
Durante o café da
manhã, também impliquei com algumas coisas. Você derramou o café fora da xícara. Não mastigou a comida. Pôs o
cotovelo sobre a mesa. Passou
manteiga demais no pão. E quando começou
a brincar e eu estava saindo para pegar o trem, você se virou, abanou a mão e disse: “Chau, papai!” e,
franzindo o cenho, em resposta lhe
disse: “Endireite esses ombros!”
De
tardezinha, tudo recomeçou. Voltei e quando cheguei perto de casa vi-o
ajoelhado, jogando bolinha de gude. Suas meias estavam rasgadas. Humilhei-o diante de seus amiguinhos
fazendo-o entrar na minha frente. As
meias são caras – Se você as comprasse tomaria mais cuidado com elas! Imagine
isso, filho, dito por um pai!
Mais
tarde, quando eu lia na biblioteca, lembra-se de como me procurou, timidamente, uma espécie de mágoa
impressa nos seus olhos? Quando afastei
meu olhar do jornal, irritado com a interrupção, você parou à porta: “O que é que você quer?”, perguntei
implacável.
Você
não disse nada, mas saiu correndo num ímpeto na minha direção, passou seus
braços em torno do meu pescoço e me beijou; seus braços foram se apertando com
uma afeição pura que Deus fazia crescer em seu coração e que nenhuma
indiferença conseguiria extirpar. A seguir retirou-se, subindo correndo os
degraus da escada.
Bom, meu filho, não passou muito tempo e meus dedos se
afrouxaram, o jornal escorregou por entre eles, e um medo terrível e nauseante tomou conta de mim. Que estava o hábito fazendo de mim? O hábito de ficar achando erros, de
fazer reprimendas? Era dessa maneira que eu o vinha recompensando por ser uma
criança. Não que não o amasse; o fato é que eu esperava demais da juventude. Eu
o avaliava pelos padrões da minha própria vida.
E havia tanto de bom, de belo e de verdadeiro no seu caráter.
Seu coraçãozinho era tão grande quanto o
sol que subia por detrás das colinas. E isto eu percebi pelo seu gesto espontâneo de correr e de dar-me
um beijo de boa noite. Nada mais me importa nesta noite, filho. Entrei na
penumbra do seu quarto e ajoelhei-me ao
lado de sua cama, envergonhado!
É uma expiação inútil; sei que, se você estivesse acordado,
não compreenderia essas coisas. Mas amanhã
eu serei um papai de verdade! Serei seu amigo, sofrerei quando você sofrer,
rirei quando você rir. Morderei minha língua quando palavras impacientes
quiserem sair pela minha boca. Eu irei dizer e repetir, como se fosse um
ritual: “Ele é apenas um menino, um menininho!”
Receio
que o tenha visto até aqui como um homem feito. Mas,
olhando-o agora, filho, encolhido e amedrontado no seu ninho, certifico-me de
que é um bebê. Ainda ontem esteve nos braços de sua mãe, a cabeça deitada no
ombro dela. Exigi muito de você, exigi
muito.
Içami Tiba,
renomado educador e psiquiatra já dizia:
“Um bom e
merecido elogio eleva a alma, aumentando a auto-estima, enquanto uma severa
crítica destrutiva congela a pessoa, minando a auto-estima”
Nota:
título original da carta acima: “O pai perdoa” de W. Livington Larned. Esta
carta também está contida no livro de Dale Carnegie intitulado Como fazer
amigos e influenciar pessoas (p. 59).
Referências
Pérsio
Santos de Oliveira. Introdução à
sociologia. 22 Ed. São Paulo: Ática, 1999.
Elogios e críticas: é importante que
educadores saibam dosar. <http://educacao.uol.com.br/colunas/icami_tiba/ult6425u20.jhtm>
Acesso em: 01 de jan. 2016
Papai em apuros: O pai perdoa. <http://www.papaiemapuros.com.br/dicas/o-pai-perdoa.html>
Acesso em: 01 de jan. 2016
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